Ah, Bukowski - Por Junior Lima.
" A vida não é um livro do John Green, um verso da Clarice Lispector, uma história comovente do Nicholas Sparks. Está mais para a loucura incompreensível de Bukowski, que se abastecia com o hábito de escrever a realidade podre em frente ao computador. Era um amor sem fim entre ele e a escrita, e talvez ainda seja, caso o inferno exista. O velho, se tivesse oportunidade de escolher entre o inferno e o céu, com certeza escolheria a companhia do diabo, que o deixaria em paz com o seu repertório de poemas mandando os deuses irem à merda. “Foda-se os deuses”, ele dizia. Assim era Bukowski, desprezador das delongas e da fantasia que move os romances comuns, a literatura comum. Entre um copo e outro, uma tragada no cigarro. Entre uma tragada e outra, uma frase, um parágrafo, uma história inteira, um brilhantismo intenso escorrendo como água na torneira. Palavras em cima de palavras, cuspidas com a mais sublime depreciação, traçando o roteiro de várias vidas iguais. Todos nós, afundados no poço do fracasso, somos um pedaço de quem Bukowski já foi. Não com o mesmo talento, mas com a mesma perspectiva de vida. "
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